quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Tanto de meu estado me acho incerto


Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando;
Nu~a hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar u~a hora.

Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.

Luís de Camões

Não deixa de ter graça; sei este poema há anos e uma vez num serão tive de declara-lo, acreditem meus senhores - tive 2 brancas seguidas, as quais emendei com grande nódoa e mesmo assim tive de “comer” quase meia estrofe para concluir.

1 comentário:

Henrik disse...

o nosso mestre que de estados incertos nos levou a estados amplamente certos. abraço. nova moradia instalada, visite.