sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Tiros de Liberdade



Cantar Alentejano
Zeca Afonso



Cantar Alentejano
Zeca Afonso
Chamava-se Catarina

O Alentejo a viu nascer

Serranas viram-na em vida

Baleizao a viu morrer

Ceifeiras na manha fria

Flores na campa lhe vao pôr

Ficou vermelha a campina

Do sangue que entao brotou

Acalma o furor campina

Que o teu pranto nao findou

Quem viu morrer Catarina

Nao perdoa a quem matou

Aquela pomba tao branca

Todos a querem p'ra si

O Alentejo queimado

Ninguém se lembra de ti

Aquela andorinha negra

Bate as asas p'ra voar

O Alentejo esquecido

Inda um dia hás-de cantar


Poema de Vicente Campinas "Cantar Alentejano"



Hoje, o nosso blog presta homenagem a uma grande mulher, que está perpetuada na história recente do nosso país, Catarina Eufémia. Este nome é um dos maiores símbolos da resistência ao regime fascista, que se instaurou em Portugal.
Catarina Efigénia Sabino Eufémia ( Baleizão, 13 de Fevereiro 1928 – Monte do Olival, Baleizão , 19 de Maio de 1954) – Era uma ceifeira portuguesa, mãe de três filhos, que foi assassinada a tiro pelo tenente Carrajola da Guarda Nacional Republicana.
O seu assassinato adveio no seguimento de uma greve de assalariadas rurais, esta encontrava-se com um dos seus filhos ao colo, quando foi atingida mortalmente.
Actualmente Catarina Eufémia é uma das principais fontes inspiradoras para os agrilhoados, retrato dessa realidade é o facto de ter servido de musa inspiradora, para poetas e cantores. O nosso poema de hoje é da autoria de Vicente Campinas, e já foi cantado por outro do mais nobres emblemas da resistência ao regime, Zeca Afonso.

4 comentários:

Três horas da manhã disse...

É um grande símbolo da luta por melhores condições dos mais desfavorecidos.

Um símbolo do povo, que todos recordamos e reconhecemos. Acho uma homenagem justa.

À LUTA!!!

Elvascidade disse...

Um grande símbolo para todos os Portugueses e um exemplo a seguir ainda hoje por muitos.

bela lugosi`s dead (F.JSAL) disse...

Há figuras que persistem para além da materialidade histórica e da sucessão dialéctica de acontecimentos e factos que os constituêm, são os sujeitos inovadores que ousam, no seu tempo, ir mais além.

Júlia Galego disse...

É um símbolo da luta dos camponeses alentejanos, marcados pela miséria que estava associada à terrível economia latifundiária.