quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Yanomami


Os yanomami são uma sociedade de caçadores – recolectores da floresta tropical da Amazónia (norte). O contacto destes nativos com homem branco ocidental é recente, supomos que foi através de caçadores, viajantes ou garimpeiros, entre 1910 e 1940.
Actualmente cogitasse que existam cerca de 26 mil yanomamis, estando distribuídos em ambos os lados da fronteira, Brasil – Venezuela, ocupando uma área de aproximadamente 192.000 km ².
Em meados da década de 60 foram estabelecidos os primeiros contactos permanentes com os yanomami através de missões evangelizadoras, foi também através destas incumbências que se estabeleceram pólos de sedentarismo na região. Estes postos visavam prestar alguma assistência sanitária e médica, porem através deste contacto permanente, foram surgindo diversas epidemias, como é o caso da gripe, sarampo e coqueluche.
Nas décadas de 70 e 80 o Estado submeteu os yanomami a formas massivas de contacto com a fronteira económica regional em expansão, tenta assim a colonização. Estes contactos provocaram um forte choque epidemiológico que atingiu grandes proporções, levando a um grande número de baixas demográficas e a uma degradação sanitária generalizada, assim como a grandes fenómenos de desnaturação social.

Nota Crítica

Num mundo perverso e efémero como é o nosso, os yanomami ainda era até há bem pouco tempo seres virgens, a nossa civilização ainda não os tinha penetrado com a violência da modernidade.
Estes povos nativos viviam estipulados pelas suas leis, baseados na sua economia de subsistência, acreditando nos seus xamãs e sobretudo viviam longe de epidemias. Com a chegada do Homem Branco e com as suas “maravilhas civilizadoras”, tudo se alterou, a sociedade yanomami foi brutalmente profanada com a “Luz do conhecimento” e consequentemente com as epidemias, doenças e morte.

Sites Interessantes:

http://www.pegue.com/indio/yanomami.htm
http://www.socioambiental.org/pib/portugues/indenos/yanomami.shtm
http://www.comciencia.br/reportagens/amazonia/amaz10.htm
http://www.arara.fr/BBTRIBOYANOMANI.html

8 comentários:

Júlia Galego disse...

O etnocentrismo tem sido um dos mais destruidores da diversidade dos modos de vida e das culturas locais. Querer moldar tudo à imagem e semelhança da nossa "civilização" tem levado a grandes desastres humanitários destes povos considerados "inferiores" ou "primitivos".
O problema é termos a presunção de que não fazemos parte do sistema natural, que vivemos fora dele e que podemos, através da técnica, dominar a natureza. Apesar de algumas vozes mais clarividentes chamarem a atenção para a nossa condição de grande fragilidade face a fenómenos que não podemos controlar e a desastres que fazemos tudo para provocar.
Quanto ao poema de Carlos Queiroz, gosto muito dele e tive a felicidade de captar a imagem da lua que o ilustra.
Cumprimentos

Dr Estranho Amor disse...

Pois. Esta nossa maldita civilização com a medicina, a água potável, a electricidade, os transportes, a ciência, a arquitectura,etc, é de facto nauseabunda. Vou ali vestir uma tanga e vou viver para a Amazónia.

Alê Quites disse...

onde vamos parar!?

Zé Camões disse...

Não pude deixar de reparar no comentário do meu Caro Hannibal; A tanga não a irá necessitar, uma vez que o seu bom senso já está assim mesmo, em tanga.
Fico realmente surpreso com pessoas insensíveis e ignorantes, ou também me vai dizer que não é importante preservar o mundo. O que a mim me custa, nomeadamente nestas situações, é que muitas vezes a actual sociedade, os actuais governos, não deixam ao livre arbítrio aderir ou não ao século XXI, eles impõem.
Imagine senhor Hannibal que todos os dias lhe impunham uma coisa, como se sentiria?
Já agora todas essas maravilhas da “Era Moderna” são benéficas, mas apenas para quem tem conhecimento delas. Deixo-lhe a sugestão de olhar melhor o mundo e informar-se daquilo que diz e pensa antes de ser caricaturado publicamente.

Três horas da manhã disse...

A nossa sociedade desde certa altura tentou que tudo que nos rodeava nos pudesse proporcionar uma vida melhor. Porém ao fazer-se tal, surgiram algumas fatalidades, o exemplo de tal são algumas doenças.

Tentaram globalizar uma pequena parte do mundo esquecido e aconteceu isto, nos dias que correm seria evitável? olhem só para os cientistas e alguns historiadores cheios de sede de coisas novas...

Dr Estranho Amor disse...

Caro Camões,

Antes de mais, permita-me um conselho: se todos os comentários devem seguir a sua linha de pensamento, coloque um aviso ou um flitro. Caso contrário, os que estamos habituados a pensar e agir de forma livre e democrática podemos cair no erro de tecer considerações que podem não ser do seu agrado. E sendo esta a sua casa, é bom saber com o que contamos. Nem que seja uma réplica do antigo sistema democrático da Albânia. Dito isto, e com a tanga intelectual/moral/ética (escolha uma) vestida, permita-me olhar para algumas das suas pérolas.

Escreve o amigo Camões “é que muitas vezes a actual sociedade, os actuais governos, não deixam ao livre arbítrio aderir ou não ao século XXI, eles impõem…”. Uma interessante reflexão, sem dúvida. Suponho que caso uma jovem seja lapidada por adultério na Nigéria devemos olhar para outro lado e respeitar as “ exóticas tradições” locais tão queridas por esse tipo de discurso. Mas a sessão de stand up comedy não fica por aqui. Imparável, o nosso amigo diz ainda “Já agora todas essas maravilhas da “Era Moderna” são benéficas, mas apenas para quem tem conhecimento delas.” Insinua, talvez, que devem acabar os fornecimentos de vacinas para o Uganda? Que as tribos da Amazónia devem continuar a beber água dos charcos? Uma curiosa visão do tema, com a qual, certamente, Goebbels estaria de acordo.

É de facto preocupante que a horda do politicamente correcto vá tomando conta do pensamento ocidental, e mais preocupante ainda a visão maniqueísta e redutora que tem do mundo. A demagogia nunca foi solução para nada. Duvido que agora o seja.

Um abraço e continue com o blog. Gosto de ler e respeito todas as opiniões mesmo que se encontrem nas antípodas das minhas.

PS: No hard feelings

carlos disse...

Os índios da Amazónia deviam ser livres de optar entre beber agua do charco ou instalarem uma torneira na choça.

Um dia -se lá chegarem- escolherão a torneira por força do mercúrio, chumbo, fosfatos e outras merdas que o homem civilizado lhes vai vertendo no charco.

Os indios da Indonésia deviam poder continuar a caçar como toda a vida o fizeram: para se alimentarem. Não para alimentar o tráfico de espécies exóticas.
.
Não se critica a Civilização pelos seus avanços.
Critica-se pelos seus abusos.

Zé Camões disse...

Sr. Hannibal, em primeiro lugar é um prazer te-lo no meu espaço, claro com a sua opinião, mesmo sendo divergente da minha.
Sei que não respondi da melhor maneira, mas custa-me que muitas vez em nome do progresso se sacrifiquem certas coisas.
Pergunto-lhe não acha que neste mundo podemos viver nós os ditos ocidentalizados, com aqueles que o não são?
obrigado por comentar e espero que goste deste espaço.