terça-feira, 28 de outubro de 2008

"Witchcraft, Oracles and Magic among the Azande"


"Talvez tenha ocorrido ao leitor que há uma analogia entre o conceito azande de bruxaria e nosso conceito de azar. Quando, apesar do seu conhecimento, previdência e eficiência técnica, um homem sofre um revés, dizemos que isso se deve à má sorte, enquanto os Azande dizem que ele foi embruxado. As situações que evocam essas duas categorias são similares" (p. 155 [p. 90]).


Witchcraft, Oracles and Magic among the Azande by E. E. Evans- Pritchard



O excerto de texto que hoje citamos é de um trabalho etnográfico espantoso, o seu autor Evans- Pritchard, dá-nos a conhecer uma tribo fantástica e peculiar, os Azande.
Através da leitura do seu trabalho podemos facilmente compreender que os Azande são um povo que acredita na bruxaria e na feitiçaria, todo o infortúnio que lhe acontece tem um ascendente de bruxedo ou feitiçaria.
Só mesmo através da leitura integral do livro, se consegue perceber um pouco mais sobre estes nativos, no entanto através do excerto de texto que apresentamos, podemos facilmente apreender: Ao que eles chamam bruxaria, nós chamamos azar.
Os Azande explicam os infortúnios através da sua crença na bruxaria e nos oráculos, logo qualquer coisa de mal que lhe acontece é fruto de feitiço ou bruxedo (importante feitiço não é = a Bruxedo).
Imagine o leitor que um dia o seu sofá da sala se parte, o leitor dá um grande tombo e fica estatelado no chão, para qualquer indivíduo Azande este acontecimento era fruto de um acontecimento maléfico, para nós era apenas um golpe de má sorte ou de bicho da traça.
É engraçado vermos as coisas com os olhos do outro e imaginarmos como ele nos vê a nós com os seus olhos, as coisas tomam contornos diferentes e por vezes aquilo que parece não o é.

4 comentários:

Três horas da manhã disse...

Interessante texto, é curioso ver as coisas através de outras culturas, o que é complicado, pois o "ocidental" neste campo é egoista só percepcionando a sua própria realidade.

Cumprimentos.

PS:fiquei curioso, talvez compre o livro.

bela lugosi`s dead (F.JSAL) disse...

Sem dúvida um dos grandes percursores da antropologia, embora em contexto colonial, como de resto toda ela começou. Estamos no domínio do simbólico, em que as coisas não têm o seu significado mais evidente. O sagrado e o profano, o puro e o impuro, com o perigo da transgressão por perto. Tabu, perigo, pureza, ordenação, contaminação, sagrado e profano:sociedades humanas.

Ana Luisa disse...

Olá!!
Obrigada pela visita.
Adorei te receber!

Bacana o texto. É verdade...nossa vida é composta por óticas, não é?
Tudo depende da ótima pela qual se deixa guiar..rs. Interessante essa tribo.

Apareça sempre.
Beijos.

Soul, Heart, Mind disse...

´para o povo, "má sorte" pode estar ligada a "estar embuxado", o que é o mesmo que dizer que há "bruxedo" ou se está sob "mau olhado". Não são, pois, só os Azande a pensar assim.

Eu, por exemplo, ontem, hoje e amanhã sou uma bruxinha que por "aqui" anda a celebrar o Halloween, com uma suposta irmã gémea boazinha que é a teacher destes "endiabrados". eheheh

Mas não deixou de ser interessante a forma como o texto foi apresentado.

P.S.: quando me comentam para dizer "venha ver o meu espaço" (ou similar), amuo e faço figas ao dito. Neste caso, tinha 55 minutos para ocupar... Mas gostei.

Ass: E.O