quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Quanta Vida Rodeia a Morte


“O hábito é que me faz suportar a vida. Às vezes acordo com este grito: - A morte! A morte! - e debalde arredo o estúpido aguilhão. Choro sobre mim mesmo como sobre um sepulcro vazio. Oh! Como a vida pesa, como este único minuto com a morte pela eternidade pesa! Como a vida esplêndida é aborrecida e inútil! Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas.”

"Húmus" de Raul Brandão

A vida por vezes toma contornos monótonos: levantamo-nos, vamos para o trabalho, almoçamos, trabalhamos, regressamos a casa e dormimos.
Em cada um dos nossos dias nada fazemos de diferente e também nada fazemos para que seja diferente, dai a nossa vida capitular numa rotina insípida.
À medida que caminhamos no mundo o tempo rouba-nos anos, então sentimos medo da morte, ganhamos a consciência que ela existe e decidimos não viver para passarmos o tempo a pensar nessa escura certeza.
Ao saber que a morte é um dogma não devemos teme-la nem almeja-la, mas sim pegar no seu princípio para passar a aproveitar a vida.
É importante respirar cada pequeno passo diário, saborear cada derrota e sorrir em cada vitória, não deixar que a chuva nos encharque nem que o Sol nos queime, a vida possui muitas coisas fantásticas, mas é necessário vê-las assim mesmo, lindas e sem receios.

2 comentários:

Dr Estranho Amor disse...

O estoicismo é uma doutrina filosófica que afirma que todo o universo é corpóreo e governado por um Logos divino (noção que os estóicos tomam de Heráclito e desenvolvem). A alma está identificada com este princípio divino, como parte de um todo ao qual pertence. Este lógos (ou razão universal) ordena todas as coisas: tudo surge a partir dele e de acordo com ele, graças a ele o mundo é um kosmos (termo que em grego significa "harmonia").

A partir disso surgem duas conseqüências éticas: deve-se «viver conforme a natureza»: sendo a natureza essencialmente o logos, essa máxima é prescrição para se viver de acordo com a razão.

Sendo a razão aquilo por meio do que o homem torna-se livre e feliz, o homem sábio não apreende o seu verdadeiro bem nos objetos externos, mas bem usando estes objetos através de uma sabedoria pela qual não se deixa escravizar pelas paixões e pelas coisas externas.

A última época do estoicismo, ou período romano, caracteriza-se pela sua tendência prática e religiosa, fortemente acentuada como se verifica nos Discursos e no Enchiridion de Epiteto e nos Pensamentos ou Meditações de Marco Aurélio.

Estóico: Diz-se daquele que revela fortaleza de ânimo e austeridade. Impassível; imperturbável; insensível.

A escola estóica foi fundada no século III a.C. por Zenão de Cítio (de Cittium), e que preconizava a indiferença à dor de ânimo oposta aos males e agruras da vida, em que reunia seus discípulos sob pórticos ("stoa", em grego) situados em templos, mercados e ginásios. Foi bastante influenciada pelas doutrinas cínica e epicurista, além da clara influência de Sócrates.

O estoicismo propõe viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselha a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo ao ser. O homem sábio obedece à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e propósito do universo.

O estoicismo floresceu na Grécia com Cleantes de Assos e Crisipo de Solis, sendo levada a Roma no ano 155 a.C. por Diógenes de Babilônia. Ali seus continuadores foram Marco Aurélio, Séneca, Epiteto e Lucano.

Fonte: Wikipédia

bela lugosi`s dead (F.JSAL) disse...

Vivemos envoltos em paradoxos, por vezes temos consciência deles, no entanto parece jorrar de nós uma total incapacidade para os resolver. Parece que o ultrapassar da omnipotência infantil, mediante o crivo da experiência, produz angústia como resposta às agressões externas e internas (a consciência por exemplo). O hábito torna-se uma forma de actuar defensivamente.