Procuramos saborear este dia ameno que caminha em direcção a uma primavera próxima, no entanto é-nos impossível, ou porquê estamos a trabalhar, ou porquê estamos doentes ou porquê temos aulas, ou porquê isto ou/e porquê aquilo
A essência de liberdade foi reduzida a nada, somos uns eternos dependentes e o instinto animal e puro que possuíamos é hoje completamente vestigial. Se procuramos o prazer de gozar um dia bom, teremos de desrespeitar os eternos condicionalismos que nós nos impusemos, isto é faltar ás obrigações. Esta prisão que nos amarra é a mão que nos liberta e nos dá a possibilidade de temos algum prazer, todas as imposições são como que um agente regulador que nos controla e nos gratifica, dá-nos um ordenado, boas notas, casa e caro, até nos ampara a fé, mas a grande verdade é que tudo isso é mentira, não é na realidade aquilo que nós queremos.
Nós queremos ser livres, livres de tudo e de todos, completamente ilibados de qualquer obrigação, soltos de grilhões e de amarras, mas continuamos presos numa religião e nos velhos e novos moralismos do costume.
O moralismo quase todo é de raiz cristã, e diz-nos aquilo que é bom e “divino” e aquilo que é mau e “profano”. Mas a sua primeira e grande mentira é essa mesma, querer dizer-nos o que devemos fazer. Depois faz-nos chegar a mensagem de um Deus através da boca de um humano, essa é logo outra e talvez a maior de todas as aldrabices.
Estou farto de moralismos que aprisionam o homem e o submetem a ser mais um ser da “criação”, estou farto de ser mais um burro a pastar sob o olhar atento de um Deus que me cuida e me protege, estou farto de estar condicionado à sua boa vontade, estou farto de me esquecer que ele existe e de só me lembrar dele quando estou em apuros. Estou farto, fartinho de ver a opulência da igreja, estou farto de ver a sua falsa clemência, das suas perversas imposições sádicas que nos prendem e nos sodomizam.
Eu não quero atingir o paraíso no céu, eu quero o paraíso na terra, mas quero tê-lo por minha conta. E vocês! Ovelhas tresmalhadas do rebanho do senhor, que aclamam tão alto como eu esta liberdade, mas temem-na ainda mais do que a desejam.
Inspirado na leitura do “Anticristo” de Nietzsche.
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8 comentários:
Interessava-me mais que todos tivessemos consciência dessa "artefactualidade das regras", que não são exteriores, que se constroem através de nós-homens-e-mulheres, que servem para alguma coisa, mas que de vez em quando servem mal, do que propriamente lutar contra tudo isso. São dois momentos diferentes, e a liberdade não deixa de ser uma palavra.
/Entretanto: claro que pode adicionar, eu tb sido o seu blog! Cumps
Com a falta de fé que os homens tem em Deus, por causa de outros homens, a unica coisa que podemos aproveitar é mesmo a liberdade de podermos usufruir mais uns dias de descanso com os feriados cristãos.
Não haverá dias "santificados" noutras religiões?
Tambem os poderiamos aproveitar, hehehe.
Os homens nascem maus lá dizia o senhor Hobbes e o estado de guerra é o estado normal da condição humana e não uma paz perpétua defendida por Kant. Ora aí está. Começa tudo pelo principio de que queiramos ou não aceitar, não sabemos viver em liberdade. Mas o que é liberdade?? E porque que a consideramos tão boa? A liberdade é individualista e nesse sentido traz tantos condicionalismos e moralismos como o estado aprisionado ( que ás vezes mais parece anarquia, embora pareça um paradoxo) em que vivemos.
Peço desculpa pela ausência! lol
Minha cara lavagante, espero que desta vez não seja ofendida;)
É engraçada a paz perpétua que Kant desejava, ora vejamos – com todos os imperativos da moral onde há espaço para o Homem e para a sua liberdade? Não será Kant o maior carcereiro que filosofou até hoje?
Cumprimentos.
Permitam-me: isso acontece precisamente porque there is no such thing as "Liberdade" (nesse sentido refrescante e idílico). O estado normal da condição humana é governar-se, porque somos muitos e não sabemos ser sozinhos. Às vezes vai de uma maneira, outras vezes vai d’outra. Guerra, contrato social, moral...cada um toma a que quiser. (Estou a exagerar nos limites da escolha, mas achei que ilustrava a maneira como estas coisas surgem como soluções para a humanindade, umas mais pragmáticas do que outras.) / A minha opinião? Gosto sobretudo dos modelos que consideram o "respeito" - esse valor molinho [e contraditório] o suficiente... / Lavagante: “E porque a consideramos tão boa?” – esta pergunta é que é do caraças! (Existem algumas propostas, não? Freud e o “instinto de vida”..ai, mas eu não quero entrar por aí! x)
Belíssimos textos e me lembrei do camões, escritor português e o qual eu recitava quando adolescente.
beijos
Minha cara Agil sábias as suas palavras, mas curtas na explicação do porquê.
Essa associação do homem em grupos nada mais é do que o resultante do seu próprio crescimento demográfico e fruto essencial da passagem de caçadores-recolectores para homens sedentários. Eis a chave, quanto a mim, do processo evolutivo, esta passagem onde bastantes coisas mudaram, levaram o homem à necessidade de se associar mais e mais, com o crescimento populacional e como o homem é um ser que intrinsecamente organizado, lá criou essa panóplia de estratos sociais, leis e trocas, mas de um modo ou de outro a liberdade individual no seu estado mais elementar foi acabando.
Se me perguntar, – “ Ah e tal… e porquê não ficámos livres para sempre”. Só lhe posso dizer que gostamos de estar presos por vontade.
Cumprimentos.
'chlick' simbólico, agricultura...claro. fica subscrito. :P Cumps
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