segunda-feira, 9 de março de 2009

Deus Está Morto

Procuramos saborear este dia ameno que caminha em direcção a uma primavera próxima, no entanto é-nos impossível, ou porquê estamos a trabalhar, ou porquê estamos doentes ou porquê temos aulas, ou porquê isto ou/e porquê aquilo
A essência de liberdade foi reduzida a nada, somos uns eternos dependentes e o instinto animal e puro que possuíamos é hoje completamente vestigial. Se procuramos o prazer de gozar um dia bom, teremos de desrespeitar os eternos condicionalismos que nós nos impusemos, isto é faltar ás obrigações. Esta prisão que nos amarra é a mão que nos liberta e nos dá a possibilidade de temos algum prazer, todas as imposições são como que um agente regulador que nos controla e nos gratifica, dá-nos um ordenado, boas notas, casa e caro, até nos ampara a fé, mas a grande verdade é que tudo isso é mentira, não é na realidade aquilo que nós queremos.
Nós queremos ser livres, livres de tudo e de todos, completamente ilibados de qualquer obrigação, soltos de grilhões e de amarras, mas continuamos presos numa religião e nos velhos e novos moralismos do costume.
O moralismo quase todo é de raiz cristã, e diz-nos aquilo que é bom e “divino” e aquilo que é mau e “profano”. Mas a sua primeira e grande mentira é essa mesma, querer dizer-nos o que devemos fazer. Depois faz-nos chegar a mensagem de um Deus através da boca de um humano, essa é logo outra e talvez a maior de todas as aldrabices.
Estou farto de moralismos que aprisionam o homem e o submetem a ser mais um ser da “criação”, estou farto de ser mais um burro a pastar sob o olhar atento de um Deus que me cuida e me protege, estou farto de estar condicionado à sua boa vontade, estou farto de me esquecer que ele existe e de só me lembrar dele quando estou em apuros. Estou farto, fartinho de ver a opulência da igreja, estou farto de ver a sua falsa clemência, das suas perversas imposições sádicas que nos prendem e nos sodomizam.
Eu não quero atingir o paraíso no céu, eu quero o paraíso na terra, mas quero tê-lo por minha conta. E vocês! Ovelhas tresmalhadas do rebanho do senhor, que aclamam tão alto como eu esta liberdade, mas temem-na ainda mais do que a desejam.


Inspirado na leitura do “Anticristo” de Nietzsche.

8 comentários:

agil disse...

Interessava-me mais que todos tivessemos consciência dessa "artefactualidade das regras", que não são exteriores, que se constroem através de nós-homens-e-mulheres, que servem para alguma coisa, mas que de vez em quando servem mal, do que propriamente lutar contra tudo isso. São dois momentos diferentes, e a liberdade não deixa de ser uma palavra.
/Entretanto: claro que pode adicionar, eu tb sido o seu blog! Cumps

Anónimo disse...

Com a falta de fé que os homens tem em Deus, por causa de outros homens, a unica coisa que podemos aproveitar é mesmo a liberdade de podermos usufruir mais uns dias de descanso com os feriados cristãos.
Não haverá dias "santificados" noutras religiões?
Tambem os poderiamos aproveitar, hehehe.

o lavagante disse...

Os homens nascem maus lá dizia o senhor Hobbes e o estado de guerra é o estado normal da condição humana e não uma paz perpétua defendida por Kant. Ora aí está. Começa tudo pelo principio de que queiramos ou não aceitar, não sabemos viver em liberdade. Mas o que é liberdade?? E porque que a consideramos tão boa? A liberdade é individualista e nesse sentido traz tantos condicionalismos e moralismos como o estado aprisionado ( que ás vezes mais parece anarquia, embora pareça um paradoxo) em que vivemos.

Peço desculpa pela ausência! lol

Zé Camões disse...

Minha cara lavagante, espero que desta vez não seja ofendida;)
É engraçada a paz perpétua que Kant desejava, ora vejamos – com todos os imperativos da moral onde há espaço para o Homem e para a sua liberdade? Não será Kant o maior carcereiro que filosofou até hoje?
Cumprimentos.

agil disse...

Permitam-me: isso acontece precisamente porque there is no such thing as "Liberdade" (nesse sentido refrescante e idílico). O estado normal da condição humana é governar-se, porque somos muitos e não sabemos ser sozinhos. Às vezes vai de uma maneira, outras vezes vai d’outra. Guerra, contrato social, moral...cada um toma a que quiser. (Estou a exagerar nos limites da escolha, mas achei que ilustrava a maneira como estas coisas surgem como soluções para a humanindade, umas mais pragmáticas do que outras.) / A minha opinião? Gosto sobretudo dos modelos que consideram o "respeito" - esse valor molinho [e contraditório] o suficiente... / Lavagante: “E porque a consideramos tão boa?” – esta pergunta é que é do caraças! (Existem algumas propostas, não? Freud e o “instinto de vida”..ai, mas eu não quero entrar por aí! x)

Delírios de Maria disse...

Belíssimos textos e me lembrei do camões, escritor português e o qual eu recitava quando adolescente.
beijos

Zé Camões disse...

Minha cara Agil sábias as suas palavras, mas curtas na explicação do porquê.
Essa associação do homem em grupos nada mais é do que o resultante do seu próprio crescimento demográfico e fruto essencial da passagem de caçadores-recolectores para homens sedentários. Eis a chave, quanto a mim, do processo evolutivo, esta passagem onde bastantes coisas mudaram, levaram o homem à necessidade de se associar mais e mais, com o crescimento populacional e como o homem é um ser que intrinsecamente organizado, lá criou essa panóplia de estratos sociais, leis e trocas, mas de um modo ou de outro a liberdade individual no seu estado mais elementar foi acabando.
Se me perguntar, – “ Ah e tal… e porquê não ficámos livres para sempre”. Só lhe posso dizer que gostamos de estar presos por vontade.
Cumprimentos.

agil disse...

'chlick' simbólico, agricultura...claro. fica subscrito. :P Cumps