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Procuramos saborear este dia ameno que caminha em direcção a uma primavera próxima, no entanto é-nos impossível, ou porquê estamos a trabalhar, ou porquê estamos doentes ou porquê temos aulas, ou porquê isto ou/e porquê aquilo
A essência de liberdade foi reduzida a nada, somos uns eternos dependentes e o instinto animal e puro que possuíamos é hoje completamente vestigial. Se procuramos o prazer de gozar um dia bom, teremos de desrespeitar os eternos condicionalismos que nós nos impusemos, isto é faltar ás obrigações. Esta prisão que nos amarra é a mão que nos liberta e nos dá a possibilidade de temos algum prazer, todas as imposições são como que um agente regulador que nos controla e nos gratifica, dá-nos um ordenado, boas notas, casa e caro, até nos ampara a fé, mas a grande verdade é que tudo isso é mentira, não é na realidade aquilo que nós queremos.
Nós queremos ser livres, livres de tudo e de todos, completamente ilibados de qualquer obrigação, soltos de grilhões e de amarras, mas continuamos presos numa religião e nos velhos e novos moralismos do costume.
O moralismo quase todo é de raiz cristã, e diz-nos aquilo que é bom e “divino” e aquilo que é mau e “profano”. Mas a sua primeira e grande mentira é essa mesma, querer dizer-nos o que devemos fazer. Depois faz-nos chegar a mensagem de um Deus através da boca de um humano, essa é logo outra e talvez a maior de todas as aldrabices.
Estou farto de moralismos que aprisionam o homem e o submetem a ser mais um ser da “criação”, estou farto de ser mais um burro a pastar sob o olhar atento de um Deus que me cuida e me protege, estou farto de estar condicionado à sua boa vontade, estou farto de me esquecer que ele existe e de só me lembrar dele quando estou em apuros. Estou farto, fartinho de ver a opulência da igreja, estou farto de ver a sua falsa clemência, das suas perversas imposições sádicas que nos prendem e nos sodomizam.
Eu não quero atingir o paraíso no céu, eu quero o paraíso na terra, mas quero tê-lo por minha conta. E vocês! Ovelhas tresmalhadas do rebanho do senhor, que aclamam tão alto como eu esta liberdade, mas temem-na ainda mais do que a desejam.
Inspirado na leitura do
“Anticristo” de Nietzsche.