segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Hurricane

O passado Sábado tive oportunidade de ver na RTP2 um dos fantásticos documentários de Michael Moore. Este documentário, para não variar, falava nas verdades inconvenientes que a “Todo-poderosa” Norte-america esconde ao mundo. Sem me alongar muito, falava de segregação, de armas e de qual o peso que a cor da pele tem para condenar uma pessoa antes de a julgar.
Talvez a letra que hoje exponho seja bem ilustrativa disso mesmo. O famoso tema de Bob Dylan ( Hurricane) fala-nos de um pugilista negro, que foi acusado de homicídio, no entanto passado 18 anos foi libertado pois esteva realmente inocente. Houve vários movimentos que tentaram provar a sua inculpabilidade e Bob Dylan foi um acérrimo defensor de “ Hurricane” Carter.

Nesta postagem optamos por colocar apenas a tradução.



"Hurricane" ( Letra original de Bob Dylan)




Tiros de revólver ressoam na noite dentro do bar
entra Patty Valentine vinda do salão superior
ela vê o garçon numa poça de sangue
solta um grito "Meu Deus, mataram todos eles!
"aí vem a história do Furacãoo homem que as autoridades acabaram culpando
por algo que ele nunca fez
colocando numa cela de prisão, mas houve um tempo
em que podia ter sido o campeão mundial

Três corpos deitados ali é o que Patty vê
e outro homem chamado Bello rodeando misteriosamente
"Eu não fiz isso"ele diz e joga os braços pra cima
"Estava só roubando a registradora , espero que você entenda
eu os vi partindo" ele diz e pára
"É melhor um de nós ligar pros tiras" e assim Patty chama os tiras
e eles chegam na cena com suas luzes vermelhas piscando
na noite quente de New Jersey

Enquanto isso, bem longe, em outra parte da cidade
Rubin Carter e uns dois amigos estão dando algumas voltas de carro
o pretendente número um à coroa dos pesos-médios
não tinha idéia do tipo de merda que estava para baixar
quando um tira o fez parar no acostamento
igualzinho à vez anterior e à outra vez antes dessa
em Paterson é assim mesmo que as coisas rolam
se você é negro, melhor nem aparecer na rua
a não ser que queira atrair uma batida policial

Alfred Bello tinha um parceiro e ele soltou um papo atrás dos tiras
ele e Arthur Dexter Bradley estavam só fazendo uma ronda
ele disse "Vi dois homens sairem correndo, pareciam pesos-médios
pularam dentro de um carro branco com a placa de outro estado
"e a senhorita Patty Valentine apenas assentiu com a cabeça
um tira disse "Esperem um minuto, rapazaes,
este aqui não está morto"então o levaram à enfermaria
e embora esse homem mal pudesse enxergar
disseram a ele que podia identificar os culpados

As 4 da manhã eles arrastam Ruby consigo
o levam para o hospital e o trazem escada cima
o homem ferido olha pra cima através de seu único olho moribundo
diz " Por que vocês o trouxeram aqui dentro? Não é esse o cara !
"sim, eis aqui a história do Furacão
o homem que as autoridades acabaram culpando
por algo que ele nunca fez
colocando numa cela de prisão, mas houve um tempo
em que podia ter sido o campeão mundial
Quatro meses depois, os guetos estão em chamas
Rubin está na América do Sul, lutando por seu nome
enquanto Arthur Dexter Bradley continua no ramo do assalto
e os tiras estão apertando-o
procurando alguém pra culpar"
Lembra daquele assassinato que aconteceu num bar?"
"Lembra que você disse ter visto o carro fugitivo?"
"Você acha que está a fim de brincar com a lei?"
"Não acha que talvez tenha sido aquele lutador
que você viu correndo pela noite?"
"Não se esqueça de que você é branco
Arthur Dexter Bradley disse "Não tenho muita certeza"
os tiras disseram "Um rapaz como você precisa de uma folga da polícia
te pegamos por aquele serviço no motel
e agora estamos conversando com seu amigo Bello
agora,você não quer ter de voltar pra cadeia seja um sujeito legal
Você estará fazendo um favor a sociedade
aquele filho-da-puta é valente e está ficando cada vez mais
nós queremos botar o rabo dele pra fritar
queremos pregar esse triplo assassinato nele
o cara não é nenhum cavalheiro"

Rubin podia apenas nocautear um cara com apenas um soco
mas nunca gostou muito de falar sobre isso
"É meu trabalho", diria, "E eu o faço para ser pago
e quando isso termina, prefiro cair fora o mais rápido possível
na direção de algum paraíso
onde riachos de trutas correm e o ar é ótimo
e andar a cavalo ao longo de uma trilha"mas aí o levaram para a cadeia
onde tentaram transformar um homem num rato

Todas as cartas de Rubin já estavam marcadas
o julgamento foi um circo de porcos, ele não teve a menor chance
o juiz fez das testemunhas de Rubin bêbados das favelas
e para os brancos que assistiam, ele era um vagabundo revolucionário
e para os negros, apenas mais um crioulo maluco
ninguém duvidava que ele tinha apertado o gatilho
e embora não conseguissem produzir a arma
o promotor público disse que era ele o responsável
e o juri, todos brancos, concordou.

Rubin Carter foi falsamente julgado
o crime foi de assassinato "em primeiro grau"
adivinha quem testemunhou?
Bello e Bradley,e ambos mentiram descaradamente
e os jornais, todos pegaram uma carona nessa onda
como pode a vida de um homem desses
ficar na palma da mão de algum tolo?
vê-lo obviamente condenado numa armação
não teve outro jeito a não ser me fazer sentir vergonha
de morar numa terra onde a justiça é um jogo.
Agora todos os criminosos em seus paletós e gravatas
estão livres para beber martinis e assitir o sol nascer
enquanto Rubin fica sentado como Buda em uma cela de 3 metros
um inocente num inferno vivo essa é a história do Furacão
mas não terá terminado enquanto não limparem seu nome
e devolverem a ele o tempo que serviu
colocado numa cela de prisão, mas houve um tempo
em que podia ter sido o campeão mundial


Peço imensa desculpa pela tradução, mas foi o que se conseguiu arranjar.

3 comentários:

Henrik disse...

Ui, isto levava-me a uma interminável conversa. O racismo ainda é evidente só não vê quem não quer (e esta expressão é propositadamente ambígua) mas também é preciso que as pessoas saibam do que falam quando falam de racismo. Eu sou acima de tudo um defensor da diferença, pois não a creio um prejuízo para ninguém. E julgo que o assunto tem sido tratado com uma leviandade tremenda. E já hoje o escrevi num blog e vou reafirmá-lo aqui: a compreensão e aceitação da diferença em detrimento do erróneo (pois induz-nos a um erro crasso que e julgar as pessoas pelo que têm de comum e não pelo que lhes é alheio) e habitual conluio da igualdade é muito mais fundamental que a acentuação do trecho 'todos diferentes todos iguais'. Todos diferentes, sim. todos iguais porquê? porque é a diferença considerada pejorativa e nefasta? deveria ser repensada essa atitude perante os outros.

bela lugosi`s dead (F.JSAL) disse...

A diferença deve ser respeitada como diferença, a igualdade na diferença soa a favor da estrutura dominante, tipo caridade ou condescendencia, seja em que contexto for. Abraço

Buda Verde disse...

essa música é muito boa.
a questão da cor sempre foi e acho que sempre será um problema. como acho que a xenofobia.