sexta-feira, 12 de dezembro de 2008


Hoje tomei a liberdade, não de trazer um Ferrero Rocher, mas de fazer homenagem a um dos grandes poetas que nasceu neste País*.
Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage nasceu em Setubal no dia 15 de Setembro de 1765 e viria a ser um dos maiores representantes do arcaísmo em Portugal.
Para que descreve-lo mais, se o próprio se descreve “às mil maravilhas”.
Cumprimentos e votos de um óptimo fim-de-semana.



Retrato próprio


Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste da facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno.

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades:
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.

Bocage



*Portugal: País com faixa costeira junto ao Oceano Atlântico, alguns dos seus habitantes falam e escrevem Português, mas nem todos o fazem, uma vez que nem todos tiveram a oportunidade para aprender a faze-lo graças aos longos anos de ditadura fascista.
Pratos típicos: bacalhau, cabrito, açorda alentejana e leitão à Bairrada, excepcionalmente francesinha.
Turismo: Algaarve – praias, turistas bêbedas e arruaceiros.


P.S- para visitar Portugal terá de se apressar, pois o País corre o risco de se afundar nas mentiras politicas.

3 comentários:

Três horas da manhã disse...

GRANDE BOCAGE!!! Homem nascido à beira Sado, entre o mar e a serra!

Este post trouxe-me recordações de algumas incursões pela literatura de Bocage.

Cumps

siripipi alentejano disse...

Portugal é um País de Poetas e Bocage figura como um dos nossos maiores poetas, quem não se lembra desta irrevente resposta, própria de um grande cerebro: Quem és? Da onde Vens? Para onde vais? Eu, sou o Bocage! Venho do NIcola e vou para o outro Mundo se disparas a pistola. Foi com esta simplicidade que o grande BOCAGE respodeu a um Guarda. Bem haja a tão elevados e sublimes cérebros da nossa magnifíca literatura.
siripipi-alentejano

Henrik disse...

Meu caro, sim nem todos puderam aprender a ler mais e melhor graças ao Salazar. Os meus pais e avós que o digam. Mas, e o que dizer dos que têm agora essas possibilidades e não fazem? esses são ainda mais merdosos. Pelo menos em épocas de ditadura as palavras, ainda que subterraneamente iam aparecendo, subversivas. merda para a ditadura e Salazar e seus aduladores mas merda também para esta liberdade de expressão não utilizada. O que me irrita neste país é ter que ser tudo dito à maneira dos costumes. Não dizer isto nem aquilo, cuidado que isso ofende, mete-me nojo no sentido mais pleno! Marquês de Sade era louco, subverso, mas foda-se era-o livremente. Faz falta isso! Fazem falta Bocages, Luiz Pachecos (filhos da puta mas que dizem o que pensam), agora é tudo muito rosadinho à Miguel Sousa Tavares (nada filho da mãe), mais Zinks, mais coragem irra!