quinta-feira, 25 de junho de 2009

Tiguana Bibles


O que acontece quando as peças desgovernadas de várias – e oleadas – locomotivas rock como Bunnyranch, Tédio Boys e Parkinsons chocam de frente com uma voz de veludo como a de Tracy Vandal? A resposta é simples, mas nem por isso menos surpreendente: nasce, à mesa de «uma espelunca» regada a cerveja, um grupo chamado Tiguana Bibles, que agora se estreia com um EP de canções que parecem existir desde sempre, ou pelo menos desde que Nancy Sinatra, Jane Birkin e demais deusas do desfrute tornaram aceitável – e desejável! – que a luxúria e demais pecadilhos encarnassem em voz de mulher. Em tempos companheira de Alex Kapranos, agora líder dos Franz Ferdinand, na defunta banda Karelia, Tracy Vandal é a «voz açucarada» a que Victor Torpedo (guitarra), Carlos «Kaló» Mendes (bateria) e Pedro Serra (contrabaixo) se referem quando recordam o «parto» dos Tiguana Bibles.

Desde os primeiros ensaios ao final das gravações, os quatro músicos, que no mapa-mundo se assinalam entre Coimbra e Londres, encontraram «o som mais fixe» que já haviam criado juntos. Tendo em conta que todos os cavalheiros são, por direito próprio, membros da fervilhante e histórica cena de Coimbra, tendo partilhado palco e estúdio amiúde, esta era a conclusão mais encorajadora a que podiam ter chegado. Os Tiguana Bibles, insistem estas figuras de proa do rock português, não são um super-grupo mas antes uma simples reunião de velhos amigos. Das inspiradas, dizemos nós: poucos serão os convívios a descambar em canções imperdíveis como «Lost Words» (lânguido hino de libertação amorosa, também disponível em versão mais viçosa, na «reprise» que encerra o disco) ou «Child of the Moon, um delicioso rockabilly de trato fácil. Produzido por Boz Boorer, colaborador e músico de Morrissey que, já em estúdio, não resistiu a tocar também ele vários instrumentos, a estreia dos Tiguana Bibles conquista pela forma como combina romantismo negro e quebrado, passo firme e imaginário nítido – o nome da banda é uma adaptação «réptil» das «tijuana bibles», pequenos livros ilustrados e clandestinos, muito populares nos Estados Unidos durante a Grande Depressão. Ao invés da sátira politicamente incorrecta, porém, os Tiguana Bibles preferem pintar quadros de harmonia e integração (entre a América do Norte e a sua congénere latina, como na «reprise» de «Lost Words», ou entre a doçura das melodias e alguma perversidade das letras), num som polido que, por cá, encontra vizinhos possíveis nos discos de Sean Riley and the Slowriders ou Unplayable Sofa Guitar. Por esta altura, poderá estar a perguntar-se onde ficou toda a raiva rock que transborda das margens do Mondego e tingiu de vermelho vivo as bandas em que três quartos dos Tiguana Bibles militavam, ou ainda militam, ardentemente. Essa raiva, fique sabendo, está domesticada e devidamente acondicionada na forma de canções portáteis, cheias de alma e prontas a serem guardadas no bolso do coração. Breve mas intenso, o EP Child of the Moon é um shot do seu sabor favorito, que pede para ser tragado de uma só vez num saloon – ou leitor de música – perto de si. Com estas cinco delicadas canções, da lavra do furacão de palco Victor Torpedo, os Tiguana Bibles tornam-se num segredo que merece ser contado a toda a gente.

Texto retirado na integra de : http://www.optimusdiscos.com/discos/child-of-the-moon

Crítica

Ontem tive o enorme prazer de ver e ouvir esta banda ao vivo, apesar das enormes limitações da sala em termos acústicos, do publico se encontrar sentado durante o espectáculo e de uma que outra falha na produção do espectáculo, o concerto foi muito bom. Os Tiguana Bibles serão certamente uma banda em ascensão, sempre que consigam juntar-se a bons produtores, a alguém que consiga dar-lhes o brilho que merecem.
No concerto de ontem, pudemos assistir a uma chacina de guitarras “Rockablly” envolvidas pela sensualidade musical e presencial da diva Tracy Vandal. É um grupo a observar.

1 comentário:

Kique disse...

Oi caro amigo

Por onde tens andado
No próximo mês sou capaz de te fazer uma visita.

Abraços