terça-feira, 2 de março de 2010

Num dia melancólico


A cortina de ferro separou as duas metades, colocou um ponto final no final do fim mais que anunciado da história que afinal nunca tinha começado.
Já era tarde, Coimbra jamais voltaria a ser capital, os peões aturdidos pelo buliço da cidade retiravam-se todos para o tabuleiro, as cores garridas de borboletas a voarem tinham-se desbotado por entre o liquido néctar de um copo de vinho.
Não havia mais música para embalar os foragidos, sozinhos corriam cada um para o canto oposto, a campainha tinha tocado e era hora de concluir o recreio, o adeus prolongava-se no ar...mais tarde veio o eco, e com ele, o silêncio.
Vamos acordar, hoje é dia de trabalho, a caneta Parker já não bordava mais narrativa, Borrou as poucas letras tremidas que em dia de coragem tinham cimentado no desalento a esperança de um final feliz.
Restam as velhas sinfonias que junto com as novas se encontram numa musicbox e nos levam ao limite, provando o fim da linha, o pó deixado com o passar das semanas torna-se o Máximo para recordar esses tempos de estrela Punk-Rock que fugiram no Expresso das 3 da tarde.

1 comentário:

pseudo esferográfica disse...

Ao ler isto ocorrem-me vários pensamentos:

Terá sido a cortina de ferro a única responsável pelo ponto final..

Quem determina a hora a que acaba o recreio (..) apenas a campainha?

Terá a caneta Parker deixado de escrever porque assim o tenha sido decretado num dos ofícios de Barrow?

O que é Máximo lá continua lutando contra a discriminação que comanda a noite.